28 de setembro de 2007

o silêncio é a gente mesmo, demais


Estava feliz. Ah, havia palavras ainda mais crassas, escabrosas, espúrias, mas que mesmo por tanto apelavam, inebriantes, como choques grossos de vida. E podia conservá-las, bem escondidas para seu só uso, o mais secreto dizer-se.

(Corpo de Baile, página 768)

texto do meu guimarães rosa,
imagem do klimt

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24 de setembro de 2007

Magnólia


[Jorge Ben]
imagem: Mucha

O que eu quero mais?
Se eu sei que a vida é bela e linda
O que eu quero mais?

{...}

Já consultei os astros
Ela chega na primavera
Ela já se encontra a caminho
Voando numa nave maternal dourada
Linda e veloz feita de um metal miraculoso
Com janelas de cristal
E forro de veludo rosa!
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Neblinuvens


imagem: Juarez Machado


[Guimarães Rosa]

A saudade é braço-e-mão do coração, e que, certas horas, quer segurar demais em alguma pessôa ou coisa. Mas, não se deve-de...

(p.606, Corpo de Baile)


*~*~*~*

As pessôas - baile de flores degoladas, que procuram suas hastes.

(p.828, Corpo de Baile)

*~*~*~*

Todos, enquanto vivendo, estão se separando, para muitos diferentes lugares.

(p.814, Corpo de Baile)
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22 de setembro de 2007

Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar.



[Guimarães Rosa]

A vida é boba. Depois é ruim. Depois, cansa. Depois, se vadia. Depois a gente quer alguma coisa que viu. Tem medo. Tem raiva de outro. Depois cansa. Depois a vida não é de verdade... sendo que é formosa!

(Corpo de Baile, p.616)

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13 de setembro de 2007

(nem mesmo a chuva)

[e.e. cummings]

I carry your heart with me
(I carry it in my heart)
I am never without it
(anywhere I go you go, my dear;
and whatever is done
by only me is your doing, my darling)

Here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;
which grows higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
I carry your heart
(I carry it in my heart)
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it may not always be so; and i say
that if your lips, which i have loved, should touch
another's, and your dear strong fingers clutch
his heart, as mine in time not far away;
if on another's face your sweet hair lay
in such a silence as i know, or such
great writhing words as, uttering overmuch,
stand helplessly before the spirit at bay;

if this should be, i say if this should be-
you of my heart, send me a little word;
that i may go unto him, and take his hands,
saying, Accept all happiness from me.
Then shall i turn my face, and hear one bird
sing terribly afar in the lost lands.
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It ’s all I have to bring to-day

[Emily Dickinson]

245

I held a Jewel in my fingers
And went to sleep.
The day was warm, and winds were prosy;
I said "'Twill keep."

I woke — and chid my honest fingers,
The gem was gone
And now, an Amethyst remembrance
Is all I own.

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249

Wild Nights! Wild Nights!
Were I with thee,
Wild Nights should be
Our luxury!

Futile the Winds
To a Heart in port —
Done with the Compass,
Done with the Chart!

Rowing in Eden!
Ah! the Sea!
Might I but moor
To-night —
in thee!

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870

Finding is the first Act
The second, loss,
Third, Expedition for
The “Golden Fleece”

Fourth, no Discovery —
Fifth, no Crew —
Finally, no Golden Fleece —
Jason — sham — too.

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