[Marjorie Boulton]
Ne kredu, ke mi eŭfemismas
se nun mi diras, ke mi volus
dormi kun vi; mi realismas.
- Aŭskulti la trankvilan spiron,
kaj vidi vin en peza paco -
ne svatus mi, mi ne parolus,
kaj, apud via dolĉa laco,
forgesus amon kaj deziron.
Ho, nei sangoŝvelan histon,
kaj sen amoro brakoteni
vin, kara, kara, partopreni
vian sanktegan ne-ekziston.
27 de janeiro de 2007
24 de janeiro de 2007
Código do amor cortês
01. A alegação de casamento não é uma desculpa legítima contra o amor.
02. Quem não sabe esconder, não sabe amar.
03. Ninguém pode se dar a dois amores.
04. O amor pode sempre crescer ou diminuir.
05. Não tem sabor o que o amante obtém, por força, do outro amante.
06. Geralmente o macho ama apenas na puberdade.
07. Prescreve-se a um dos amantes, pela morte do outro, uma viuvez de dois anos.
08. Ninguém pode ser privado, sem razão mais que suficiente, de seu direito de amar.
09. Ninguém pode amar se não estiver empenhado pela persuasão de amar e pela esperança de ser amado.
10. Geralmente o amor é expulso de casa pela avareza.
11. Não convém amar aquela que se teria vergonha de desejar em casamento.
12. O amor verdadeiro só tem desejo de carícia vinda daquela que ele ama.
13. O amor divulgado raramente dura.
14. O sucesso muito fácil retira cedo o encanto do amor.
15. Toda pessoa que ama empalidece à vista do que ela ama.
16. À visão imprevista de quem se ama, treme-se.
17. Amor novo afugenta o antigo.
18. Apenas o mérito torna digno o amor.
19. O amor que se apaga cai rapidamente e raramente se reanima.
20. O amoroso é sempre temeroso.
21. Pelo ciúme verdadeiro a afeição de amor cresce sempre.
22. Da suspeita e do ciúme que dele deriva cresce a afeição de amor.
23. Menos dorme e come aquele que está cercado por pensamentos de amor.
24. Toda ação do amante leva-o a pensar em quem ama.
25. O amor verdadeiro só julga bom o que sabe que agrada ao que ele ama.
26. O amor não pode recusar nada ao amor.
27. O amante não pode saciar-se do gozo do que ele ama.
28. Uma frágil presunção faz com que o amante suspeite coisas sinistras de quem ele ama.
29. O hábito muito excessivo dos prazeres impede o nascimento do amor.
30. Uma pessoa que ama está ocupada assiduamente e sem interrupção pela imagem do que ela ama.
31. Nada impede que uma mulher seja amada por dois homens e um homem por duas mulheres.
02. Quem não sabe esconder, não sabe amar.
03. Ninguém pode se dar a dois amores.
04. O amor pode sempre crescer ou diminuir.
05. Não tem sabor o que o amante obtém, por força, do outro amante.
06. Geralmente o macho ama apenas na puberdade.
07. Prescreve-se a um dos amantes, pela morte do outro, uma viuvez de dois anos.
08. Ninguém pode ser privado, sem razão mais que suficiente, de seu direito de amar.
09. Ninguém pode amar se não estiver empenhado pela persuasão de amar e pela esperança de ser amado.
10. Geralmente o amor é expulso de casa pela avareza.
11. Não convém amar aquela que se teria vergonha de desejar em casamento.
12. O amor verdadeiro só tem desejo de carícia vinda daquela que ele ama.
13. O amor divulgado raramente dura.
14. O sucesso muito fácil retira cedo o encanto do amor.
15. Toda pessoa que ama empalidece à vista do que ela ama.
16. À visão imprevista de quem se ama, treme-se.
17. Amor novo afugenta o antigo.
18. Apenas o mérito torna digno o amor.
19. O amor que se apaga cai rapidamente e raramente se reanima.
20. O amoroso é sempre temeroso.
21. Pelo ciúme verdadeiro a afeição de amor cresce sempre.
22. Da suspeita e do ciúme que dele deriva cresce a afeição de amor.
23. Menos dorme e come aquele que está cercado por pensamentos de amor.
24. Toda ação do amante leva-o a pensar em quem ama.
25. O amor verdadeiro só julga bom o que sabe que agrada ao que ele ama.
26. O amor não pode recusar nada ao amor.
27. O amante não pode saciar-se do gozo do que ele ama.
28. Uma frágil presunção faz com que o amante suspeite coisas sinistras de quem ele ama.
29. O hábito muito excessivo dos prazeres impede o nascimento do amor.
30. Uma pessoa que ama está ocupada assiduamente e sem interrupção pela imagem do que ela ama.
31. Nada impede que uma mulher seja amada por dois homens e um homem por duas mulheres.
22 de janeiro de 2007
Hora Absurda
[Fernando Pessoa] 04-07-1913
O TEU SILÊNCIO é uma nau com tôdas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraiso...
Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...
Minha idéia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e
entanto
Tu és a tela irreal em que erro em côr a minha arte...
{...}
Chove ouro baço, mas não no lá-fora...É em mim...Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e tôda ela escombros dela...
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...
No meu céu interior nunca houve uma única estrela...
Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um pôrto...
A chuva miúda é vazia...A Hora sabe a ter sido...
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!...Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...
Tôdas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias tôdas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...
{...}
O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquêle lugar-outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...
{...}
Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...
Secou em teu olhar a idéia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um pôrto sem navios...
{...}
Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...
Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...
Por que não há de ser o Norte o Sul?... O que está descoberto?...
E eu deliro... De repente pauso no que penso... Fito-te...
E o teu silêncio é uma cegueira minha... Fito-te e sonho...
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua idéia sabe à lembrança de um sabor de medonho...
Para que não ter por ti desprêzo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore...O teu silêncio é um leque ---
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...
Gelaram tôdas as mãos cruzadas sôbre todos os peitos....
Murcharam mais flôres do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...
Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã --- como
nos desalegra!...
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...
{...}
Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...
Ah, se fôssemos as duas côres de uma bandeira de glória!...
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia batismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro êste lema --- Vitória!
O que é que me tortura?... Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...
Não sei...Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...
O TEU SILÊNCIO é uma nau com tôdas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraiso...
Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...
Minha idéia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e
entanto
Tu és a tela irreal em que erro em côr a minha arte...
{...}
Chove ouro baço, mas não no lá-fora...É em mim...Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e tôda ela escombros dela...
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...
No meu céu interior nunca houve uma única estrela...
Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um pôrto...
A chuva miúda é vazia...A Hora sabe a ter sido...
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!...Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...
Tôdas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias tôdas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...
{...}
O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquêle lugar-outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...
{...}
Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...
Secou em teu olhar a idéia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um pôrto sem navios...
{...}
Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...
Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...
Por que não há de ser o Norte o Sul?... O que está descoberto?...
E eu deliro... De repente pauso no que penso... Fito-te...
E o teu silêncio é uma cegueira minha... Fito-te e sonho...
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua idéia sabe à lembrança de um sabor de medonho...
Para que não ter por ti desprêzo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore...O teu silêncio é um leque ---
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...
Gelaram tôdas as mãos cruzadas sôbre todos os peitos....
Murcharam mais flôres do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...
Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã --- como
nos desalegra!...
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...
{...}
Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...
Ah, se fôssemos as duas côres de uma bandeira de glória!...
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia batismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro êste lema --- Vitória!
O que é que me tortura?... Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...
Não sei...Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...
20 de janeiro de 2007
Madeleine Peyroux
You're Gonna Make Me Lonesome When You Go
[Bob Dylan]
I've seen love go by my door
It's never been this close before
Never been so easy or so slow.
Been shooting in the dark too long
When somethin's not right it's wrong
You're gonna make me lonesome when you go.
Dragon clouds so high above
I've only known careless love,
It's always hit me from below.
This time around it's more correct
Right on target, so direct,
You're gonna make me lonesome when you go.
Purple clover, Queen Anne lace,
Crimson hair across your face,
You could make me cry if you don't know.
Can't remember what I was thinkin' of
You might be spoilin' me too much, love,
You're gonna make me lonesome when you go.
Flowers on the hillside, bloomin' crazy,
Crickets talkin' back and forth in rhyme,
Blue river runnin' slow and lazy,
I could stay with you forever
And never realize the time.
Situations have ended sad,
Relationships have all been bad.
Mine've been like Verlaine's and Rimbaud.
But there's no way I can compare
All those scenes to this affair,
You're gonna make me lonesome when you go.
You're gonna make me wonder what I'm doin',
Stayin' far behind without you.
You're gonna make me wonder what I'm sayin',
You're gonna make me give myself a good talkin' to.
I'll look for you in old Honolulu,
San Francisco, Ashtabula,
You're gonna have to leave me now, I know.
But I'll see you in the sky above,
In the tall grass, in the ones I love,
You're gonna make me lonesome when you go.
[Bob Dylan]
I've seen love go by my door
It's never been this close before
Never been so easy or so slow.
Been shooting in the dark too long
When somethin's not right it's wrong
You're gonna make me lonesome when you go.
Dragon clouds so high above
I've only known careless love,
It's always hit me from below.
This time around it's more correct
Right on target, so direct,
You're gonna make me lonesome when you go.
Purple clover, Queen Anne lace,
Crimson hair across your face,
You could make me cry if you don't know.
Can't remember what I was thinkin' of
You might be spoilin' me too much, love,
You're gonna make me lonesome when you go.
Flowers on the hillside, bloomin' crazy,
Crickets talkin' back and forth in rhyme,
Blue river runnin' slow and lazy,
I could stay with you forever
And never realize the time.
Situations have ended sad,
Relationships have all been bad.
Mine've been like Verlaine's and Rimbaud.
But there's no way I can compare
All those scenes to this affair,
You're gonna make me lonesome when you go.
You're gonna make me wonder what I'm doin',
Stayin' far behind without you.
You're gonna make me wonder what I'm sayin',
You're gonna make me give myself a good talkin' to.
I'll look for you in old Honolulu,
San Francisco, Ashtabula,
You're gonna have to leave me now, I know.
But I'll see you in the sky above,
In the tall grass, in the ones I love,
You're gonna make me lonesome when you go.
7 de janeiro de 2007
O Espelho
[Guimarães Rosa]
[...] O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha idéia do que seja na verdade — um espelho? Demais, decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da óptica. Reporto-me ao transcendente. Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.
[...] ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, de novo me defrontei — não rosto a rosto. O espelho mostrou-me. Ouça. Por um certo tempo, nada enxerguei. Só então, só depois: o tênue começo de um quanto como uma luz, que se nublava, aos poucos tentando-se em débil cintilação, radiância. Seu mínimo ondear comovia-me, ou já estaria contido em minha emoção? Que luzinha, aquela, que de mim se emitia, para deter-se acolá, refletida, surpresa? Se quiser, infira o senhor mesmo.
São coisas que se não devem entrever; pelo menos, além de um tanto. São outras coisas, conforme pude distinguir, muito mais tarde — por último — num espelho. Por aí, perdoe-me o detalhe, eu já amava — já aprendendo, isto seja, a conformidade e a alegria. E... Sim, vi, a mim mesmo, de novo, meu rosto, um rosto; não este, que o senhor razoavelmente me atribui. Mas o ainda-nem-rosto — quase delineado, apenas — mal emergindo, qual uma flor pelágica, de nascimento abissal... E era não mais que: rostinho de menino, de menos-que-menino, só. Só. Será que o senhor nunca compreenderá?
Devia ou não devia contar-lhe, por motivos de talvez. Do que digo, descubro, deduzo. Será, se? Apalpo o evidente? Tresbusco. Será este nosso desengonço e mundo o plano — intersecção de planos — onde se completam de fazer as almas?
[...] O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha idéia do que seja na verdade — um espelho? Demais, decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da óptica. Reporto-me ao transcendente. Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.
[...] ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, de novo me defrontei — não rosto a rosto. O espelho mostrou-me. Ouça. Por um certo tempo, nada enxerguei. Só então, só depois: o tênue começo de um quanto como uma luz, que se nublava, aos poucos tentando-se em débil cintilação, radiância. Seu mínimo ondear comovia-me, ou já estaria contido em minha emoção? Que luzinha, aquela, que de mim se emitia, para deter-se acolá, refletida, surpresa? Se quiser, infira o senhor mesmo.
São coisas que se não devem entrever; pelo menos, além de um tanto. São outras coisas, conforme pude distinguir, muito mais tarde — por último — num espelho. Por aí, perdoe-me o detalhe, eu já amava — já aprendendo, isto seja, a conformidade e a alegria. E... Sim, vi, a mim mesmo, de novo, meu rosto, um rosto; não este, que o senhor razoavelmente me atribui. Mas o ainda-nem-rosto — quase delineado, apenas — mal emergindo, qual uma flor pelágica, de nascimento abissal... E era não mais que: rostinho de menino, de menos-que-menino, só. Só. Será que o senhor nunca compreenderá?
Devia ou não devia contar-lhe, por motivos de talvez. Do que digo, descubro, deduzo. Será, se? Apalpo o evidente? Tresbusco. Será este nosso desengonço e mundo o plano — intersecção de planos — onde se completam de fazer as almas?
2 de janeiro de 2007
As Vestes
[Iracema Macedo]
Enfrentei furacões com meus vestidos claros
Quem me vê por aí com esses vestidos
estampados
não imagina as grades, os muros
o chão de cimento que eles tornaram leves
Não se imagina a escuridão que esses vestidos cobrem
e dentro da escuridão os incêndios que retornam
cada vez que me dispo
cada vez que a nudez me liberta dos seus laços
Enfrentei furacões com meus vestidos claros
Quem me vê por aí com esses vestidos
estampados
não imagina as grades, os muros
o chão de cimento que eles tornaram leves
Não se imagina a escuridão que esses vestidos cobrem
e dentro da escuridão os incêndios que retornam
cada vez que me dispo
cada vez que a nudez me liberta dos seus laços
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