23 de novembro de 2007

Marcha da quarta-feira de cinzas



[Carlos Lyra e Vinicius de Moraes]

Acabou nosso carnaval | Ninguém ouve cantar canções | Ninguém passa mais brincando feliz | E nos corações | Saudades e cinzas foi o que restou. | Pelas ruas o que se vê | É uma gente que nem se vê | Que nem se sorri, se beija e se abraça | E sai caminhando | Dançando e cantando cantigas de amor. | E no entanto é preciso cantar | Mais que nunca é preciso cantar | É preciso cantar e alegrar a cidade... | A tristeza que a gente tem | Qualquer dia vai se acabar | Todos vão sorrir, voltou a esperança | É o povo que dança | Contente da vida, feliz a cantar. | Porque são tantas coisas azuis | Há tão grandes promessas de luz | Tanto amor para amar de que a gente nem sabe... | Quem me dera viver pra ver | E brincar outros carnavais | Com a beleza dos velhos carnavais | Que marchas tão lindas | E o povo cantando seu canto de paz.

imagem: do filme "a liberdade é azul"

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21 de novembro de 2007

Coração bruto batente por debaixo de tudo

E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei - daí então acreditei. A pois, o que sempre não é assim? {p.254}

Pudesse tirar de si esse medo-de-errar, a gente estava salva. {p.201}

Ah, naquela hora eu gostava dele na alma dos olhos, gostava - da banda de fora de mim. {p.197}

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guimarães rosa. grande sertão: veredas
imagem: visitation, sally gall
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15 de novembro de 2007

(postagem nº 100)


{obrigada a todos os que passam por aqui - e que eu não saberia que passam se não tivesse colocado um contador de visitas - rs. ok, eu também tenho preguiça de comentar... pra comemorar, uma canção da dinah washington cujo nome eu não sei e cuja letra eu procurei feito doida e não encontrei. o jeito foi ir copiando by my wonderful listening! espero não ter ficado péssima demais. peço encarecidamente que uma boa alma me envie a letra toda bonitinha.}

did you ever watched the one you love slowly drift in the way from you? and you know deep down in your heart there's not a damn thing you can do to make him stay or turn the time?
Lord! take easy the pain that you feel too down inside when his eyes ('re?) saying "it's over and done"... and you simplily must face the fact, so you leave and hang it's over. but you find yourself rushing back or (may?) he'll change his mind, praying he'll take you back...
but, like mustfull would say:

that's all, there is too late!

imagem: bansky

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14 de novembro de 2007

Madrugada


[Octavio Paz]

Rápidas manos frías
retiran una a una
las vendas de la sombra
Abro los ojos
todavía
estoy vivo
en el centro
de una herída todavía fresca.

["El Fuego de Cada Día". Días Hábiles: 1958-1961, p. 107 | imagem: Nan Goldin]

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13 de novembro de 2007

aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.

Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto: mas, fora dessa conseqüência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e vivível mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel...

[João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, p. 500]

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12 de novembro de 2007

E amor é isso: o que bem-quer e mal faz?


"Dói sempre na gente, alguma vez, todo amor achável, que algum dia se desprezou..."

(GS:V, p. 538. imagem do filme "carta de uma desconhecida")

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4 de novembro de 2007

Tudo tem seus mistérios


[Guimarães Rosa - GS:V]

Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.

(p.285)

imagem: A Dama das Camélias
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