7 de maio de 2008

Retábulo de São Nunca


(João Guimarães Rosa)



245. Seu amor, o de seu fechado coração, se encontrava também muito afastado dali, dela cada vez mais próximo e distante.

246. Atrás do dia de hoje, aguardam, vigiantes, juntos, o ontem e o amanhã, mutáveis minuciosamente.

247. Os que se amam além de um grau deviam esconder-se de seus próprios pensamentos.

249: A sós eles dois, porém, cada um devendo de ter nascido já com o retrato do outro dentro do coração.

250. O que impede a flor de voar é a vida...

251. "Pode-se fugir do que mais se ama?"

253. A vida fornece primeiro o avesso.

254. Vida - coisa que o tempo remenda, depois rasga.

255. O amor não pode ser construidamente. Separava-os e unia-os, agora, a indefenida distância.

256. Antes da tempestade tinha vindo a bonança: tanto o tramar do suceder se escondera, em botijas de silêncio.

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