10 de outubro de 2008

A Companheira


[Luiz Tatit]

(...)

Onde eu ia, ela ia

Onde olhava, ela estava
Quando eu ria, ela ria
Não falhava

(...)

Me esperava no portão
Me encontrava, dava a mão
Me chateava, sim ou não?
Não

De repente a vida ganhou sentido
Companheira assim nunca tinha tido
O que fica sempre é uma coisa estranha
É companheira que não acompanha

Isso pra mim é felicidade
Achar alguém assim na cidade
Como uma letra pra melodia
Fica do lado, faz companhia

Pensava nisso quando ela ali
No portão da frente
Me viu pensando, quis pensar junto
"pensar é um ato tão particular do indivíduo"
E ela, na hora "particular, é? duvido"
E como de fato eu não tinha lá muita certeza
Entrei na dela, senti firmeza

Eu pensava até um ponto
Ela entrava sem confronto
Eu fazia o contraponto
E pronto

(...)

Eu fazia uma poesia
Ela lia, declamava
Qualquer coisa que eu escrevia
Ela amava

(...)

Nunca a metade foi tão inteira
Uma medida que se supera
Metade ela era companheira
Outra metade, era eu que era

imagem: Lua de Mel do Pintor, de Lorde Frederick Leighton (é a segunda vez que posto... acho muito linda)

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