2 de outubro de 2009

História: uma fuga do tempo... em busca da eternidade!



Apesar de terem sido os criadores da ciência dos homens no tempo, os gregos possuíam também um pensamento extremamente anti-histórico. Concebiam apenas o conhecimento do eterno, do permanente, do imutável, do supralunar. Esse ser supralunar realiza um movimento circular. Aristóteles define o movimento regular por três propriedades: eternidade, unidade e continuidade. A única espécie de movimento a possuir essas características é o circular. Ele é mais simples e mais perfeito do que o movimento retilíneo. Aristóteles nega a possibilidade da continuidade para o movimento retilíneo mesmo irreversível: ele não pode ser infinito. Ele vai de um termo a outro, pois é pura sucessividade. Ele busca o seu ser no futuro. Quanto ao movimento circular, ele é infinitamente contínuo: ele vai de um termo a esse mesmo termo. Não se vai a parte alguma, não se ganha e nem se perde nada, nada nasce, nada morre, nada falta. É um movimento estéril, isto é, perfeito, pois não acrescenta ser ao que já é. O movimento circular não revela o tempo, mas a eternidade. Nele não há mudança, transição, transcurso, novidade, evento, alteridade. O eterno movimento circular é primeiro ontologicamente e primeiro na ordem do conhecimento. O ser cognoscível só pode ser em movimento circular. (p. 147)


José Carlos Reis, em História, Tempo e Evasão

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