8 de agosto de 2011

"mas não era seu corpo que doía; era sua alma que sofria, e sua alma eu não conseguia alcançar"

 É tão verdadeiro como terrível que, até certo ponto, a idéia ou a visão do sofrimento traz à tona nossos melhores sentimentos, mas, em alguns casos especiais, isso pára de ocorrer quando esse ponto é ultrapassado. Engana-se quem diz que isso se deve invariavelmente ao egoísmo inerente ao coração humano. Provém, antes, de uma certa desesperança de curar uma doença orgânica e grave. Para um ser sensível, a piedade não raramente se converte em dor. E quando se percebe finalmente que tal piedade não leva a um auxílio eficaz, o bom senso obriga a alma a livrar-se dela.

[Herman Melville, em "Bartleby, o escriturário"]

3 comentários:

Elandia Duarte disse...

"...E quando se percebe finalmente que tal piedade não leva a um auxílio eficaz, o bom senso obriga a alma a livrar-se dela."

Extremamente realista, por isso tão forte e tão bonito!

Amanda Teixeira disse...

Sim, pés terrivelmente cravados no chão, Elandia!

aline disse...

Tenho aprendido com o sofrimento, Amanda. Mas aprendi também com a felicidade.Percebi nesses últimos meses que somos capazes de muitas coisas, inclusive de ter força. Sinto falta de dias sem preocupação, sem o desgaste de existir.