A festa reuniu todos os discípulos de Nasrudin. Comeram e beberam durante muitas horas, sempre a conversar sobre a origem das estrelas e dos propósitos da vida. Quando já era quase de madrugada, preparavam-se todos para voltar para as suas casas. Restava um belo prato de doces sobre a mesa. Nasrudin obrigou os seus discípulos a comê-lo. Um deles, porém, recusou: - O mestre está-nos a testar. Quer ver se conseguimos controlar os nossos desejos. - Estás enganado. A melhor maneira de dominar um desejo, é vê-lo satisfeito. Prefiro que vocês fiquem com o doce no estômago do que no pensamento, que deve ser usado para coisas mais nobres.
Não tenho nada com isso nem vem falar Eu não consigo entender sua lógica Minha palavra cantada pode espantar E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar Levar por um papo que já não deu Acho que nada restou pra guardar Do muito ou pouco que ouve entre você e eu
Nenhuma força virá me fazer calar Faço no tempo soar minha sílaba Canto somente o que pede pra se cantar Sou o que soa eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior Com todo o mundo podendo brilhar no cântico Canto somente o que não pode mais se calar Noutras palavras sou muito romântico
---
(Caetano, porque estou numa fase mais racional que passional.. ando mais "velosiana" que "buarqueana" )
O passado, o presente e o futuro dão a casa dinamismos diferentes, dinamismos que não raro interferem, às vezes se opondo, às vezes excitando-nos mutuamente. Na vida do homem, a casa afasta contingências, multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela o homem seria um ser disperso. Ela mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É o corpo e é a alma.É o primeiro mundo do ser humano. (BACHELARD, 1993, p. 26)
"(...) o Grande Sertão: Veredas - que, por bizarra que V. ache a afirmativa, é menos literatura pura do que um sumário de idéias e crenças do autor, com buritis e capim devidamente semi-camuflatos."
(Guima, em carta a Vicente Ferreira - APUD Sperber, Caos e Cosmos, p. 89)
É na margem que eu encontro a lucidez Eu prefiro ser assim que uma estátua de marfim Eu preciso mais de sol que uma festa de ilusão E a verdade pode estar na caspa e não no xampu.
Johnathan Trager, prominent television producer for ESPN, died last night from complications of losing his soul mate and his fiancee. He was 35 years old. Soft-spoken and obsessive, Trager never looked the part of a hopeless romantic. But, in the final days of his life, he revealed an unknown side of his psyche. This hidden quasi-Jungian persona surfaced during the Agatha Christie-like pursuit of his long reputed soul mate, a woman whom he only spent a few precious hours with. Sadly, the protracted search ended late Saturday night in complete and utter failure. Yet even in certain defeat, the courageous Trager secretly clung to the belief that life is not merely a series of meaningless accidents or coincidences. Uh-uh. But rather, its a tapestry of events that culminate in an exquisite, sublime plan. Asked about the loss of his dear friend, Dean Kansky, the Pulitzer Prize-winning author and executive editor of the New York Times, described Jonathan as a changed man in the last days of his life. "Things were clearer for him," Kansky noted. Ultimately Johnathan concluded that if we are to live life in harmony with the universe, we must all possess a powerful faith in what the ancients used to call "fatum", what we currently refer to as destiny.
____________________
* Sempre compro filme "cult" na doidinha do Shopping Sul. Dia desses me interessei, no entanto, por um água-com-açúcar. Comprei. Levei "Escrito nas Estrelas" e, ao assistir, descobri que o título em inglês era.. tãrãrã... S-E-R-E-N-D-I-P-I-T-Y!!!
Well, é muito água-com-açúcar MESMO. Mas, se eu falasse palavrões, só teria uma palavra pra dizer sobre o filme (a palavra que eu pensei o tempo todo enquanto assistia): caralho!
Deixa que o olhar do mundo enfim devasse Teu grande amor que é teu maior segredo! Que terias perdido, se, mais cedo, Todo o afeto que sentes se mostrasse? Basta de enganos! Mostra-me sem medo Aos homens, afrontando-os face a face: Quero que os homens todos, quando eu passe, Invejosos, apontem-me com o dedo. Olha: não posso mais! Ando tão cheio Deste amor, que minh'alma se consome De te exaltar aos olhos do universo... Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio: E, fatigado de calar teu nome, Quase o revelo no final de um verso.
---
Remorso
Às vezes, uma dor me desespera... Nestas ânsias e dúvidas em que ando. Cismo e padeço, neste outono, quando Calculo o que perdi na primavera. Versos e amores sufoquei calando, Sem os gozar numa explosão sincera... Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera Mais viver, mais penar e amar cantando! Sinto o que desperdicei na juventude; Choro, neste começo de velhice, Mártir da hipocrisia ou da virtude, Os beijos que não tive por tolice, Por timidez o que sofrer não pude, E por pudor os versos que não disse!
---
(e o clássico...)
Ouvir Estrelas
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto E abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?" E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Old Man Sunshine, listen, you, Never tell me dreams come true, Just try it, and I'll start a riot, Beatrice Fairfax don't you dare, Ever tell me she will care, I'm certain, It's the final cutain.
Don't want to hear from and cheerful Pollyannas, Who tell me love will find a way, it's all bananas.
They're writing songs of love, but not for me, A lucky star's above, but not for me, With love to lead the way, I found more clouds of grey, Than any Russian play could guarantee.
I was a fool to fall, and get that way, Hi ho! Alas! And also Lack a day! Although I can't dismiss, The memory of her kiss, I guess she's not for me.
It all began so well, but what an end, This is the time a fella needs a friend, When every happy plot, Ends in a marriage knot, And there's no knot for me.
“(...) não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa... Diferem, sim, em que um diz as coisas que sucederam e o outro as que poderiam suceder. Por isto, a poesia é algo mais filosófico e mais sério do que a história, pois aquela se refere principalmente ao universal e esta ao particular”
Apesar de terem sido os criadores da ciência dos homens no tempo, os gregos possuíam também um pensamento extremamente anti-histórico. Concebiam apenas o conhecimento do eterno, do permanente, do imutável, do supralunar. Esse ser supralunar realiza um movimento circular. Aristóteles define o movimento regular por três propriedades: eternidade, unidade e continuidade. A única espécie de movimento a possuir essas características é o circular. Ele é mais simples e mais perfeito do que o movimento retilíneo. Aristóteles nega a possibilidade da continuidade para o movimento retilíneo mesmo irreversível: ele não pode ser infinito. Ele vai de um termo a outro, pois é pura sucessividade. Ele busca o seu ser no futuro. Quanto ao movimento circular, ele é infinitamente contínuo: ele vai de um termo a esse mesmo termo. Não se vai a parte alguma, não se ganha e nem se perde nada, nada nasce, nada morre, nada falta. É um movimento estéril, isto é, perfeito, pois não acrescenta ser ao que já é. O movimento circular não revela o tempo, mas a eternidade. Nele não há mudança, transição, transcurso, novidade, evento, alteridade. O eterno movimento circular é primeiro ontologicamente e primeiro na ordem do conhecimento. O ser cognoscível só pode ser em movimento circular. (p. 147)
Lélio não se sentia, achou que estava ouvindo ainda um segredo, parece que ela perguntava, naquele tom requieto, que lembrava um mimo, um nino, ou um muito antigo continuar, ou o a-pio de pomba-rola, em beira de ninho pronto feito: - ‘Você é arte-mágico?...’ Viu riso, brilho, uns olhos – que tivessem que chorar, de alegria só era que podiam... -; e mais ele mesmo nunca ia saber, nem recordar ao vivo exato aquele vazio de momento (...) foi como se estivesse subido dali, em neblinas, para lugar algum, fora de todo perigo, por sempre, e de toda marimba de guerra... E era nela que seus olhos estavam.
---
Ao que era, um pássaro que ele tivesse, de voável desejo, sem estar engaiolado, pássaro de muitos brilhos, muitas cores, cantando alegre, estalado, de dobrar.
Abaixo do sol existe um outro planeta que se chama Vênus. É muito brilhante, claro e com reflexos luminosos, seco e frio por natureza (...). Vênus é a mais brilhante dentre as estrelas. É benevolente, doce e benfazeja. Interrompe e tempera a malícia de Saturno e todo outro malefício dos planetas. Brilha quando o sol corre no signo de Touro, e também quando ele se encontra em Libra, isto é, na balança, no mês de setembro. (...) As crianças nascidas sob seu signo parecem-se em muitos pontos aos filhos de Júpiter. São brilhantes, claros, graciosos e de aspecto alegre, amáveis, distinguidos e livres em suas maneiras, de um natural fervente e cheio de humor, o que os torna facilmente impuros e gulosos, inclinados a todos os prazeres desordenados e aos desejos dos sentidos. Temem o ódio e a inveja e, tanto quanto lhes é possível, estabelecem a paz e a concórdia entre os homens.
As doze benignas, cap. XLII (Ruysbroeck citado em "Roteiro de Deus")
_______
Segundo o mito, Vênus e seu filho Cupido tomaram a forma de peixes para fugir de Tifão, monstro, meio homem, meio animal, nascido da Terra e do Tártaro, e que ameaçou os deuses do Olimpo (...). Vênus e Cupido esconderam-se sob a forma do peixe, Pisces, para escapar das forças elementares, primitivas e desordenadas da terra, que ameaçavam o reino luminoso, ordenado e racional dos deuses do Olimpo - uma luta entre a escuridão da terra e a luz do céu.