15 de novembro de 2008

Desacontecimentos de APR - parte II



O desacontecimento e as escrituras do eu


{Antonio Paulo Rezende}


A palavra não existe só porque é dita. Veste-se de significados, para poder ir para o mundo.

A solidão é primeiro caminho da identidade, dentro do reino da autonomia. Quantas vezes nos olhamos nos espelhos com medo que fujamos de nós mesmos? Quantas janelas já abrimos desconfiados da luz intensa que nos chama para vida e da tristeza que leva para dentro de nós mesmos decifrações sem as quais seríamos abismos?

O poeta busca construir uma história, encurralado pelos enigmas das solidões que se instituem. A distância física não esconde um cenário musical que se conjugaria com muitas composições de Philip Glass. A linearidade não se sustenta, sucumbe às manifestações da sensibilidade.

O retorno das coisas e das gentes, através das viagens da memória, divaga sobre o que está aceso nas constelações dos mistérios do mundo.

A linearidade é o sinal de tempo burocrático, desfalcado da delicadeza do sentimento. Ela cabe nos calendários oficiais, no fôlego das produções massivas de mercadorias, na disciplina inibidora e autoritária. Não é desnecessária para efetivação da sociabilidade, mas não pode ser hegemônica.

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