Coxinha, após a saída do autor
E o texto crítico sobre um trecho da obra?
"No instante em que é capaz de habitar o cosmos do entreaberto, onde se processa a interpenetração dinâmica do sim e do não, O Menino realiza, na profundidade de seu próprio ser, o sutil intercâmbio dialógico da transcendência e da transdescendência. Dissociada da transdescendência, a transcendência conduz à infinitude vazia, que desvitaliza o homem. Separada da transcendência, a transdescendência reduz o homem à finitude subalterna, que o aniquila. Despotenciado pela liberdade sem rumo da infinitude transcendente, ou asfixiado pela opressividade sem perspectiva da finitude imanente, o homem definha e perece. A pura infinitude é sobrehumana, porque divina; a mera finitude é subhumana, porque animal. Apenas a transfinitude, irrompendo da tensão harmônica destes dois pendores complementares, permite ao homem consumar-se como homem, atualizando a dotação onírica de sua alma, potencializando a vocação poética de seu espírito e integralizando a sua alta missão órfica sobre a terra. Ao adquirir o dom dramático da transfinitude, o Menino transcende a aporia primitiva das duas rígidas margens da alegria, - a do bem incorpóreo e irreal e a do mal monstruoso e sobrenatural, - e se consagra na apoteótica conquista da Alegria definitiva da 'Terceira Margem do Rio', eternamente suspensa na fronteira abissal entre o ser e o nada, de onde não cessa de convidar o homem ao silêncio e à solidão, que propiciam a essencial consonância entre a imensidão do cosmos e a intimidade da alma"
MUITO BOM!
Pena não ter conseguido copiar e colar aqui o gráfico de inteligência que ia de 0 (Bush) a 10 (Guimarães Rosa).
Um comentário:
Tão intenso que depois desta leitura, só o que penso em fazer é tomar uma xícara de café e me perder absorta olhando pro cèu...
Encontro-me cada dia mais encantada pelo Guimarães!
Cada dia mais deslumbrada!
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