O amigo não se revela na prosperidade, nem o inimigo se esconde no tempo da desgraça. Quando alguém prospera, os inimigos ficam tristes, mas quando alguém cai na desgraça, até o amigo vai embora. Jamais confie no inimigo, pois a sua maldade é metal que enferruja. Mesmo que ele se abaixe e faça muitos cumprimentos, tome cuidado e desconfie dele; comporte-se com ele como quem limpa o espelho, e você perceberá que a ferrugem dele não resiste por muito tempo. Não o coloque ao seu lado, para que ele não empurre você e ocupe o seu lugar; não o coloque sentado à sua direita, para que ele não procure ocupar a sua cadeira. Caso contrário, tarde demais você verá que eu tenho razão, e ficará arrependido por não ter ouvido os meus conselhos.Quem vai ter dó de um encantador que é mordido pela serpente e de todos os que domam feras? É o que acontece com quem se associa a um pecador e se envolve nos pecados dele. Por um instante, ficará com você, mas quando você tropeça, ele não lhe dá apoio. O inimigo tem lábios doces, mas no coração planeja como jogar você no buraco. O inimigo tem lágrimas nos olhos, mas na primeira ocasião lhe beberá até o sangue. Se acontecer a você uma desgraça, ele será o primeiro a chegar e, com a desculpa de ajudar, pegará você pelo pé.Ele vai sacudir a cabeça e agitar as mãos, mas logo depois fará mexericos e voltará as costas.
"O homem, dizem, é um animal racional. Não sei porque não se disse que é um animal afetivo ou sentimental. E, por acaso, o que dos demais animais o diferencie seja mais o sentimento que a razão. Mais vezes vi raciocinar um gato que rir ou chorar. Talvez chore ou ria por dentro, mas por dentro, talvez, também o caranguejo resolva equações de segundo grau."
"MELANCOLIA": É essa fuga da vida, essa necessidade contínua de mudar de lugar, de IR-NÃO-IMPORTA-AONDE, DESDE QUE SEJA FORA DO MUNDO, que são segundo o Dr. Pierre Janet, características da SÍNDROME MELANCÓLICA.
Solidão, que poeira leve
Solidão, olha a casa é sua
Na vida, quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Pra rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar
O sol que sobe na cama
E acende o lençol
Só lhe chamando
Solicitando
Solidão, que poeira leve
Solidão, olha a casa é sua
O telefone chamou
Foi engano
Solidão, que poeira leve
Solidão, olha a casa é sua
E no meu descompasso o riso dela
Se ela nascesse rainha
Se o mundo pudesse aguentar
Os pobres ela pisaria
E os ricos iria humilhar
Milhares de guerras faria
Pra se deleitar
Por isso eu prefiro cantar sozinho
Solidão, que poeira leve Solidão, olha a casa é sua O telefone chamou, foi engano Solidão, que poeira leve Solidão, olha a casa é sua E no meu descompasso passo o riso dela Solidão
Tudo que era o meu destino
Na verdade nunca me aconteceu
Pode ter acontecido
Pra alguma pessoa
Mas não era eu
Vivo assim na vida sem previsão
Todo mundo tem destino, eu não
Nunca os fatos são de fato fatais
Não confio na fortuna jamais
Puro por acaso e nada mais
Tudo que já estava escrito
No meu caso nunca se concretizou
Só talvez o aniversário
Que é na mesma data
E não se alterou
Era pra eu já ter encontrado um amor
Era pra eu já ter esquecido o anterior
Era pra eu já ter aprendido a sonhar
Era pra eu correr o mundo e voltar
Mas viagem sem destino, não dá
[...]
Ser assim tão sem destino
Me preocupa muito
Me deixa infeliz
Sempre quis o meu destino
Foi o meu destino
Que nunca me quis
Mesmo algum sucesso que ele previu
Era pra me revelar, desistiu
Acho que ele foi atrás de outro alguém
Pois destino tem destino também E só revela aquilo que lhe convém
... não sei por que, quando relanceei a vista através da janela, pareceu-me que o prédio fronteiro também envelhecera e que se tinha posto mais escuro e arruinado, que o estuque das pilastras estava todo gretado, que as cornijas se fendiam e enegreciam, e que as janelas estavam cheias de manchas e de sujeira.
Talvez a culpa de tudo isto fosse aquele raio de sol que de súbito surgiu por entre as nuvens, para logo depois voltar a esconder-se por detrás de outra ainda mais escura, que anunciava chuva, de tal maneira que todas as coisas se tornaram ainda mais lúgubres e mais sombrias...
Agora, não perdoar a tua ofensa, turvar a tua clara e pura felicidade com nuvens escuras, fazer-te censuras para que o teu coração se atormente e sofra, e palpite dolorosamente,...isso nunca farei!
Que a tua vida seja ditosa e tão diáfana e agradável como o teu doce sorriso, e bendita sejas pelo instante de felicidade que tu deste a outro coração solitário e agradecido!
Noites Brancas, Dostoievsky.
Imagem:Mäda Privavesi, Klimt.
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[apenas para comemorar o encontro graças ao olcadil,
Why did I choose you?
What did I see in you?
I saw the heart you hide so well
I saw a quiet man who had a gentle way
A way that caught me in its glowing spell
Why did I want you?
What could you offer me?
A love to last a life time through
And when I lost my heart so many years ago,
I lost it lovingly and willingly to you...
If I had to choose again,
I would still choose you...
And when I lost my heart so many years ago,
I lost it lovingly and willingly to you...
If I had to choose again,
I would still choose you...