22 de maio de 2009

O tempo é um barco que navega na sua própria água

(arturo)





O zero não é vazio.


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Chuchu, Hadassa e eu fomos hoje assistir a um filme que o povo da Psicologia exibiu, "o zero não é vazio". Era um documentário que falava sobre a relação que pessoas com algum tipo de distúrbio mental mantêm com a escrita. Apaixonei-me por Arturo e Leo, personagens do filme. Tabém não ficaram muito atrás o Condicionado (que se diz um industrial fabricante de história), Orlando/a, que diz "paz cura, sexo cura. cigarro é amor porque dá prazer" e a Tati, construtora da "máquina salva-vidas infindus infindus" e leitora da biografia de Paracelso. Très jolie. De quebra, ainda ouvi falar pela primeira vez do caso Aimée, do Lacan.

19 de maio de 2009


"sozinha no baiano, com um uísque numa mão e um Vogue bleu na outra, vendo, de meio olho, o movimento, e cantarolando mentalmente Borbulhas de Amor enquanto pensa sobre uma nota de rodapé para a página 13 da dissertação sobre Guimarães Rosa"

chuchumachine, sobre moi.

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16 de maio de 2009

Palavras para guardar


Pingüim. Cinqüenta. Tranqüilo. Lingüiça. Agüentar. Bilíngüe. Eqüestre. Sagüi. Seqüência. Idéia. Herói. Jóia. Colméia. Andróide. Epopéia, geléia. Platéia. Tramóia. Enjôo. Vôos. Zôo. Pêlo, pêra. Auto-escola. Auto-estrada. Anti-rugas. Contra-senso. Mini-saia. Neo-realismo.

Pára-quedas (dessa aqui a gente tem que se despedir duas vezes!)

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* Ai, que dor! Sou uma saudosista, uma reacionária da língua, como diria o Guima. Comprei o "Leite Derramado" do Chico Buarque e logo na primeira página vi joias. Sim, "jóias". Sem acento... ai, que dor. Essa reforma tirou grande parte dos sinais bonitinhos que "ornavam" nossas palavras. Que tristeza. Jóia já não tem mais seus enfeites e Idéia não tem mais sua luz.

14 de maio de 2009

Não sabemos nada da verdadeira história dos homens

Tout ce qui est intéressant se passe dans l'ombre...

On ne sait rien de la veritable histoire des hommes.

[Céline]


{no querido "O Queijo e os Vermes", agora revisitado}

9 de maio de 2009

Vem.


Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma?
Vem, conversemos assim.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fecho pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.

J. RUMI

7 de maio de 2009

Mais amores, mais amores


Freude, schoener goetterfunken,
Tochter aus elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische dein heiligtum.
Deine zauber binden wieder,
Was die mode streng geteilt;
Alle menschen werden brueder,
Wo dein sanfter fluegel weilt.

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Absolutamente apaixonada pelo alemão! Que fique claro: o idioma. Inclusive digo sempre que o único alemão que parece querer me pegar é o Alzheimer. Bom, fato é que a professora de alemão lá do DLEM é fantástica e eu já tô doida pra me apresentar no "Canta Babel" com a ode à alegria de Beethoven numa versão Alto Xingu. Quero ter direito a maracas e danças de roda na floresta da UFPB. Pena ter faltado à aula em que ela colocou a "musiquinha" pro pessoal cantar... oh, vida dividida. Minha dificuldade em conciliar horários pra freqüentar o curso é tão grande que a primeira palavra que aprendi a dizer foi "entschuldgung"... bem sintomático, não?

PS.: ok, também já conhecia Geschichte e Zeitgeist, mas essas não valem!

S e r e n d i p i t y

VÍNHAMOS – do jamais para o sempre.

A lógica é a prudência convertida em ciência; por isso não serve para nada. Deixa de lado componentes importantes, pois, quer se queira quer não, o homem não é composto apenas de cérebro. Eu diria mesmo que, para a maioria das pessoas, e não me excetuo, o cérebro tem pouca importância no decorrer da vida. O contrário seria terrível: a vida ficaria limitada a uma única operação matemática, que não necessitaria da aventura do desconhecido e inconsciente, nem do irracional. (ROSA, 1995, p. 57)

Como a pedra, de asas inutilmente ansiosa.

Sionésio e Maria Exita – a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco.
Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só o
um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente:
pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como
se fosse no dia de Todos os Pássaros.

O esquecimento é voluntária covardia.

“Saudade – um fogo enorme, num monte de gelo”

Fim não fim: repete antecipadamente meu único momento?

Guimarães Rosa.

5 de maio de 2009

Ér, érr, éérrr, Paul Ricoeurrrrr...


“A errância do navegador não clama menos por seus direitos que a residência do sedentário. Claro, meu lugar é ali onde está meu corpo. Mas colocar-se e deslocar-se são atividades primordiais que fazem do lugar algo a ser buscado. Seria assustador não encontrar nenhum. Seríamos nós mesmos devastados”


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“É nos confins do espaço vivido e do espaço geométrico que se situa o ato de habitar”


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“Quanto ao ato de construir, considerado como uma operação distinta, ele faz prevalecer um tipo de inteligibilidade de mesmo nível que aquele que caracteriza a configuração do tempo pela composição do enredo. Entre o tempo “narrado” e o espaço “construído”, as analogias abundam. Nem um nem outro se reduzem a frações do tempo universal e do espaço do geômetra”


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“A operação historiográfica procede de uma dupla redução, a da experiência viva da memória, mas também a da especulação multimilenar sobra a ordem do tempo”


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* Estou totaly in love with Paul Ricoeur... entrei em contato com ele pela primeira vez quando vi Patrícia se debatendo com “A memória, a história, o esquecimento” lá em Recife. Me arrisquei a ler umas páginas. Achei difícil, mas me interessei. No primeiro dia de aula de teoria, Regina perguntou quem gostaria de apresentá-lo e eu [muito desajuizada e ousadamente] me ofereci. E eis-me aqui. Estamos entre tapas e beijos: sofro, me apaixono, suspiro: não compreendo totalmente, mas sinto. É às vezes quase poesia. Tenho – estranhamente – me relacionado melhor com os trechos sobre espaço que com aqueles sobre tempo. Acho que é porque o tempo é uma matéria muito mais complexa e delicada (puxando brasa pra minha sardinha). E durante este “espaço de tempo” venho namorando com o livro; devo comprar o original. A professora Rosa disse com aquele jeito de falar inimitável que o Paul Ricoeur seria útil pra mim... ela está lendo o “Tempo e Narrativa” e falou que vai demorar uns quatro anos pra mastigar bem os três volumes! Imagine eu, pobre mortal. Será que bastaria entender com o coração? Veremos. Serão cenas dos próximos capítulos (da dissertação? rs).