t may not always be so; and i say by: e.e. cummings |
it may not always be so;and i say that if your lips,which i have loved,should touch another's,and your dear strong fingers clutch his heart,as mine in time not fara away; if on another's face your sweet hair lay in such a silence as i know,or such great writhing words as,uttering overmuch, stand helplessly before the spirit at bay; if this should be,i say if this should be-- you of my heart,send me a little word; that i may go unto him,and take his hands, saying,Accept all happiness from me. Then shall i turn my face,and hear one bird sing terribly afar in the lost lands. |
26 de agosto de 2009
it may not always be so; and i say
Pelo lume, pela volúpia
"vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas
coxas imberbes & brancas.
vou dilapidar a riqueza de tua
adolescência. vou queimar teus
olhos com ferro em brasa.
vou incinerar teu coração de carne &
de tuas cinzas vou fabricar a
substância enlouquecida das
cartas de amor." (20 Poemas com Brócoli, 1981)
roberto piva.
25 de agosto de 2009
Poemas em desordem
Não existem as cidades,
são nossas viagens que criam roteiros-mapas de superfície luminosa.
As cidades não existem,
só os encontros são reais,
as prolongadas conversas capazes de transformar qualquer lugar em praia deserta ao anoitecer.
(Cláudio Willer)
...
Eco de Lawrence Durell
Nada está perdido
para sempre amada
o que não se disse
restou
no coração — música
sob o silêncio
eco onipresente — pássaro
indecolável
max martins
6 poemas instrumentais
I
Trata-se de modular o corpo,
quase imperceptivelmente,
para o reconhecimento da alma
esquecida talvez em outro lugar.
De uma prova que exige
alguma concentração, sobretudo
das partes dormidas.
II
Trata-se agora de saber encaixar
a falta de tempo com o espaço
que resta: de introduzir o adentro
afora. Dois tempos ou dois
espaços, como quando as coisas
e seu perfume coincidem.
III
Trata-se também de manter
uma distância conveniente,
talvez vários centímetros para
não chegar onde não se pode.
Um gesto leve apenas, como
uma respiração, pode mudar
a paisagem, como quando a pele
regressa a uma fonte mais antiga,
que já não pertence a ninguém.
IV
Trata-se de esquecer ainda
que se escreve, sobre papel
pautado, parte do prometido,
sem mais peso que a consciência
no território da pele, para
que as palavras chovam.
Por o preço de cada imagem,
vive-se, paga-se.
V
Trata-se de esperar assim,
das próprias estrias,
um atenuante de si mesmo,
uma fissura. Outra figura
de calma chamada a pensar
a arte da solidão. Porque faz parte
do conhecimento, ser recortado
pela câmara anônima
dos dias e das vozes.
Os ecos valem.
VI
Trata-se de uma prova mais
de resistência, ao olhar
encontrado de outro dia
que não quer saber nada
do alvo imaginado.
O verso está aberto
contra a parede, pedindo
sua mais terna pontaria.
adolfo montejo navas
17 de agosto de 2009
Java
Nos quedaremos solos y será ya de noche.
Nos quedaremos solos mi almohada y mi silencio
y estará la ventana mirando inútilmente
los barcos y los puentes que enhebran sus agujas.
Yo diré: Ya es muy tarde.
No me contestarán ni mis guantes ni el peine,
solamente tu olor, tu perfume olvidado
como una carta puesta boca abajo en la mesa.
Morderé una manzana fumaré un cigarrillo
viendo bajar los cuernos de la noche medusa
su vasto caracol forrado en terciopelo.
Y diré: Ya es de noche
y estaremos de acuerdo, oh muebles oh ceniza
con el organillero que remonta en la esquina
los tristes esqueletos de un pez y una amapola.
C'est la java de celui qui s'en va -
Es justo, corazón, la canta el que se queda,
la canta el que se queda para cuidar la casa.
http://barradosporlaspalabras.blogspot.com/2008/11/java-cortzar.html
9 de agosto de 2009
[Rumi, again]
REMEMBERED MUSIC
'Tis said, the pipe and lute that charm our ears
Derive their melody from rolling spheres;
But Faith, o'erpassing speculation's bound,
Can see what sweetens every jangled sound.We, who are parts of Adam, heard with him
The song of angels and of seraphim.
Out memory, though dull and sad, retains
Some echo still of those unearthly strains.Oh, music is the meat of all who love,
Music uplifts the soul to realms above.
The ashes glow, the latent fires increase:
We listen and are fed with joy and peace.
R. A. Nicholson
'Persian Poems', an Anthology of verse translations
edited by A.J.Arberry, Everyman's Library, 1972
________________________________________
Soul receives from soul that knowledge, therefore not by book
nor from tongue.
If knowledge of mysteries come after emptiness of mind, that is
illumination of heart.
"Say I am You" Coleman Barks Maypop, 1994
_____________
8 de agosto de 2009
Nave, ave, moinho
2 de agosto de 2009
GS:V
... aqueles esmerados esmartes olhos, botados verdes, de folhudas pestanas, luziam um efeito de calma, que até me repassasse...
Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, querendo me contar coisas que a idéia da gente não dá para se entender - e acho que é por isso que a gente morre.
no verde dos seus olhos é que pula o menino do riso...
(guimarães rosa)
You're gonna make me lonesome when you go
And never realize the time)
Situations have ended sad,
Relationships have all been bad.
Mine've been like Verlaine's and Rimbaud.
But there's no way I can compare
All those scenes to this affair,
Yer gonna make me lonesome when you go.
Yer gonna make me wonder what I'm doin',
Stayin' far behind without you.
Yer gonna make me wonder what I'm sayin',
Yer gonna make me give myself a good talkin' to.
I'll look for you in old Honolulu,
San Francisco, Ashtabula,
Yer gonna have to leave me now, I know.
But I'll see you in the sky above,
In the tall grass, in the ones I love,
Yer gonna make me lonesome when you go.
* já postei essa música aqui num outro contexto... estranho. Não sei se é porque hoje é domingo e me sinto triste... mas tenho uma intuição ruim... tenho medo das coisas que acabam. Tenho medo. Tenho muito medo do fim (embora nada indique que ele esteja vindo).
1 de agosto de 2009
A formiguinha e a neve
Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para o seu trabalho diário. Já ia muito longe à procura de alimento quando um floco de neve caiu (plic!), e prendeu o seu pezinho.
Aflita, vendo que não podia se livrar da neve, iria, sim, morrer de fome de frio, voltou-se para o Sol e disse:
- Ó Sol. Tu que és tão forte, derrete a neve que prende o meu pezinho.
E o Sol, indiferente nas alturas, falou:
- Mais forte do que eu é o muro que me tapa.
Olhando, então, para o muro, a formiguinha pediu:
- Ó, Muro. Tu que és tão forte, que tapas o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E o Muro, que nada vê e muito pouco fala (?), respondeu apenas:
- Mais forte do que eu é o rrrato que me rrrói.
Voltando-se, então, para um ratinho que passava apressado (música de coisas fofinhas), a formiguinha suplicou:
- Ó Rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
Mas o Rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
- Mais forte do que eu é o gato que me come!
Já cansada, a formiguinha pediu ao Gato:
- Ó Gato, tu que és tão forte, que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho...
E o Gato, sempre preguiçoso, disse, bocejando:
- Mais forte do que eu é o Cão que me persegue.
Aflita e chorosa, a formiguinha pediu ao cão:
- Ó Cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E o cão, que ia correndo atrás de uma Raposa, respondeu, sem parar:
- Mais forte do que eu é o Homem que me bate.
Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao homem:
- Ó Homem, tu que és tão forte, que bates no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E o Homem, sempre preocupado com o seu trabalho, respondeu apenas:
- Mais forte do que eu é a Morte que me mata.
Trêmula de medo, olhando para a Morte que se aproximava, a pobre formiguinha suplicou:
- Ó Morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E a Morte, impassível, respondeu:
- Mais forte do que eu é Deus, que me governa.
Quase morrendo, então a formiguinha rezou baixinho:
- Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem que bate no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E Deus, então, que ouve todas as preces, sorriu, estendeu a mão por cima das montanhas e disse:
(som de coisas terríveis, eco, voz aterrorizante)
- Deixa de ser besta e levanta a pata...
[roubado da hortaliça vanessa bárbara: http://www.hortifruti.org/zines/032.htm]