28 de fevereiro de 2009
In the end
26 de fevereiro de 2009
Grande samba disperso - 2
Cumpro minha obrigação de dor, meu senhor. Estou alegre de trono, só choro estas poucas lágrimas.
Enquanto o tempo não parar de cair, não teremos equilíbiro. Vou ao vento, para meu assento.
Cale-se. O pensamento é um fútil pássaro. Toda razão é medíocre. Viver é respirar; pensar já é morrer. Só Deus é dono de todas as simultaneidades. Só há um diálogo verdadeiro: o do silêncio e da voz. Se quer dizer alguma coisa, diga por exemplo:...Em minha alma se abriu, esta hora, um golfo de Guiné...
Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir...
Amor perdido é amor que não foi achado: não-amor. Não o amor-mor, o mor amor. Mas falso amor, algum engano. O falso-amor é um biombo, o mor-amor é um ribombo.
Se querem dizer alguma coisa, digam, por exemplo: ... Laço foi o que me trouxe. Minha carne viu por meus olhos. Mundo isolado de mim. Bom-grado vou. Amanhã e estrelas. Sinto-me. Quando sinto, minto? Meu teu meu-amor...
24 de fevereiro de 2009
Suspirâncias
¨
"Ali não cabia. Aquele lugar o repartia em muitos, parava como uma encruzilhada."
"(...) até os cotovelos o coração a espancava"
"O amor era isso - dãodalalão - um sino e seu badaladal"
"Só de viver no meio dos outros, a gente, cada um está fazendo feitiço, toda hora... só que não sabe..."
-
23 de fevereiro de 2009
Eu te amo

Tom Jobim / Chico Buarque
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
(...)
Le temps ne fait rien à l'affaire
20 de fevereiro de 2009
Mozart no Céu

In: Lira dos Cinquent'anos]
Mozart entrou no céu, como um artista
de circo, fazendo piruetas extraordinárias
sobre um mirabolante cavalo branco.
Os anjinhos atônitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais
moço dos anjos.
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* estou usando meus 7 dias de férias na tarefa simples e doce de conhecer manuel bandeira
17 de fevereiro de 2009
Caetano das antigas...
Sete Mil Vezes

Sete mil vezes eu tornaria a viver assim
Sempre contigo transando sob as estrelas
Sempre cantando a música doce
Que o amor pedir pra eu cantar
Noite feliz, todas as coisas são belas
Sete mil vezes, e em cada uma outra vez querer
Sete mil outras em progressão infinita
Quando uma hora é grande e bonita
Assim quer se multiplicar
Quer habitar todos os cantos do ser
Quarto crescente pra sempre um constante quando
Eternamente o presente você me dando
Sete mil vidas, sete milhões e ainda um pouco mais
É o que eu desejo e o que deseja esta noite
Noite de calma e vento, momento
De preces e de carnavais
11 de fevereiro de 2009
9 de fevereiro de 2009
.
Eu gosto um pouco de chorar
A gente quase não se vê
Me deu vontade de lembrar
Me leve um pouco com você
Eu gosto de qualquer lugar
A gente pode se entender
E não saber o que falar
Seria um acontecimento
Mas lógico que você some
No dia em que o seu pensamento
Me chamou
Eu chamo seu apartamento
Não mora ninguém com esse nome
Que linda cantiga do vento
Já passou
A gente quase não se vê
Eu só queria me lembrar
Me dê notícia de você
Me deu vontade de voltar
3 de fevereiro de 2009
_
eu cantaria a sua luz
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31 de janeiro de 2009
.
28 de janeiro de 2009
Final Feliz

[fofíssimo luiz tatit]
Deu adeus para os seus, acenou para os meus. Sempre se despedia, sempre. Mas não partia. Não... até esse dia! Juntou tudo que tinha, fez aquela trouxinha na ponta de uma varinha e seguiu pela linha do trem.
Com seu jeitinho meio infantil foi diminuindo, até que sumiu. Nesse momento bateu um frio glacial: gelei geral. Nunca imaginei que fosse de vez, nem que isso fizesse o mal que me fez. Não sei o que de repente me deu... mas lá fui eu!
Dei adeus para os meus, acenei para os seus. Fiz o que me cabia. Foi uma ação tardia, sim. Mas chegou o dia! Juntei tudo que tinha, fiz uma mochilinha menor que a sua trouxinha e segui pela linha do trem.
Fui assim, sem esperança nenhuma. Fui chutando pedras uma por uma. E quando já pensava que a gente sempre acostuma afinal... gelei geral! Estava lá você bem no fim da linha, com a cara de quem já sabia que eu vinha e preparava aquilo que sempre quis: Final feliz!
22 de janeiro de 2009
Mal Secreto
Não choro,
Meu segredo é que sou rapaz esforçado,
Fico parado, calado, quieto,
Não corro, não choro, não converso,
Massacro meu medo,
Mascaro minha dor,
Já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente,
Se você me pergunta
Como vai?
Respondo sempre igual,
Tudo legal,
Mas quando você vai embora,
Movo meu rosto no espelho,
Minha alma chora.
Vejo o rio de janeiro
Comovo, não salvo, não mudo
Meu sujo olho vermelho,
Não fico calado, não fico parado, não fico quieto,
Corro, choro, converso,
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.
21 de janeiro de 2009
Que eu canse e descanse

[Marcos Valle]
Deixa / Que eu fique / Toda esta noite / E que eu viaje / Em teu corpo / Que nele / Eu canse / E descanse
Ah / Se tu soubesses / Que sem saber / Que existias / Em cada amante / Eu te via / Em cada amor / Te queria / Minha / Toda minha
Que bom saber / Que existes / Que bom saber /Que és gente / Que o teu corpo / Difere / Do meu corpo
E se assim / Não fosse / Nada em mim / Mudaria / Eu te amo tanto / E amaria / Da forma / Que tu viesses / Ou tivesses mais
Não deixes / Que eu fique além / Desta noite / Guarda teu corpo / Do dia / Pra que não canse / Ou descanse / Ah / Se tu souberes / Se tu souberes
18 de janeiro de 2009
Mais vanguarda que nunca! Waly Salomão
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre -- peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.
Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.
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CANTO DE SEREIA
...
Tapar os ouvidos com cera ou chumbo derretido.
Construir uma fortaleza de aço blindado em volta de si.
O próprio corpo produzir uma resina que feche os poros,
como o própolis faz nas fendas dos favos de mel.
...
(Segundo Movimento)
...
A flor de estufa
salta a cerca
para luzir no mangue.
E se empenha de fulano, sicrano e beltrano.
Sua vida atual reverbera vozes pretéritas,
adivinha vozes futuras.
...
Sua obsessão:
Que Eco se transforme em Narciso,
Que Eco se metamorfoseie em fonte.
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MINHA ALEGRIA
minha alegria permanece eternidades soterrada e só sobe para a superfície através dos tubos alquímicos e não da causalidade natural. ela é filha bastarda do desvio e da desgraça, minha alegria:
um diamante gerado pela combustão, como rescaldo final de um incêndio.
...
17 de janeiro de 2009
Maré

três
Foi grande o meu amor
Não sei o que me deu
Quem inventou fui eu
Fiz de você o Sol
Da noite primordial
E o mundo fora nós
Se resumia a tédio e pó
Quando em você tudo se complicou
(...)
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com seu sexo junto ao mar..
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teu nome mais secreto [wally salomão]
Só eu sei teu nome mais secreto
Só eu penetro em tua noite escura
Cavo e extraio estrelas nuas
De tuas constelações cruas
Abre–te Sésamo! – brado ladrão de Bagdá
Só meu sangue sabe tua seiva e senha
E irriga as margens cegas
De tuas elétricas ribeiras,
Sendas de tuas grutas ignotas
Não sei, não sei mais nada.
Só sei que canto de sede dos teus lábios
Não sei, não sei mais nada.
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onde andarás
Onde andarás nesta tarde vazia
Tão clara e sem fim
Enquanto o mar bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces de mim?
(...)
Perdi meu amor
E é por isso que eu saio pra rua
Sem saber pra quê
Na esperança talvez de que o acaso
Por mero descaso
Me leve a você
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7 de janeiro de 2009
Explicações de Ítalo Breno
4 de janeiro de 2009
3 de janeiro de 2009
Mais vanguarda, Jards Macalé (e Capinan)
Movimento dos barcos
Não quero ficar dando adeusAs coisas passando, eu quero
É passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais
Do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
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2 de janeiro de 2009
Meu lado vanguarda...
1 de janeiro de 2009
Um moço muito branco: encantado/nature boy

Era um rapaz
Estranho e encantador rapaz
Ouvi que andara a viajar, viajar
Toda a terra e o mar
Menino só e tímido
Mas sábio demais.
Eis que uma vez
Num dia mágico o encontrei
E ao conversarmos lhe falei
Sobre os reis, sobre as leis, e a dor
E ele ensinou
Nada é maior que dar amor
E receber de volta o amor.
or
There was a boy
A very strange, enchanted boy
They say he wondered very far
Very far, over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he
And then one day,
One magic day he passed my way
While we spoke of many things
Fools and Kings
This he said to me:
The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return.
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* Só hoje notei o quanto essa música se encaixa (fits on) num dos meus contos preferidos do Guima, "um moço muito branco". É assustador. Eu poderia dizer que foi escrita pensando nele. Já adorava a "Nature Boy" na voz do Vinicius, num cd especial sobre os 90 anos dele. Hoje escutei o Caetano cantando no Pipoca Moderna e me veio este insight. O moço muito branco do Rosa é um extraterrestre muito delicado e sábio que, sem uma palavra, muda a vida de toda uma cidade. E ensina a mesma lição do "Encantado". A propósito, boa tradução pra "Nature Boy". Não sei quem fez a versão e deu o título, mas deve ter sido alguém que leu Mircea Eliade. rsrs