O zero não é vazio.
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Tout ce qui est intéressant se passe dans l'ombre...
On ne sait rien de la veritable histoire des hommes.
[Céline]
{no querido "O Queijo e os Vermes", agora revisitado}
“A errância do navegador não clama menos por seus direitos que a residência do sedentário. Claro, meu lugar é ali onde está meu corpo. Mas colocar-se e deslocar-se são atividades primordiais que fazem do lugar algo a ser buscado. Seria assustador não encontrar nenhum. Seríamos nós mesmos devastados”
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“É nos confins do espaço vivido e do espaço geométrico que se situa o ato de habitar”
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“Quanto ao ato de construir, considerado como uma operação distinta, ele faz prevalecer um tipo de inteligibilidade de mesmo nível que aquele que caracteriza a configuração do tempo pela composição do enredo. Entre o tempo “narrado” e o espaço “construído”, as analogias abundam. Nem um nem outro se reduzem a frações do tempo universal e do espaço do geômetra”
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“A operação historiográfica procede de uma dupla redução, a da experiência viva da memória, mas também a da especulação multimilenar sobra a ordem do tempo”
* Estou totaly in love with Paul Ricoeur... entrei em contato com ele pela primeira vez quando vi Patrícia se debatendo com “A memória, a história, o esquecimento” lá em Recife. Me arrisquei a ler umas páginas. Achei difícil, mas me interessei. No primeiro dia de aula de teoria, Regina perguntou quem gostaria de apresentá-lo e eu [muito desajuizada e ousadamente] me ofereci. E eis-me aqui. Estamos entre tapas e beijos: sofro, me apaixono, suspiro: não compreendo totalmente, mas sinto. É às vezes quase poesia. Tenho – estranhamente – me relacionado melhor com os trechos sobre espaço que com aqueles sobre tempo. Acho que é porque o tempo é uma matéria muito mais complexa e delicada (puxando brasa pra minha sardinha). E durante este “espaço de tempo” venho namorando com o livro; devo comprar o original. A professora Rosa disse com aquele jeito de falar inimitável que o Paul Ricoeur seria útil pra mim... ela está lendo o “Tempo e Narrativa” e falou que vai demorar uns quatro anos pra mastigar bem os três volumes! Imagine eu, pobre mortal. Será que bastaria entender com o coração? Veremos. Serão cenas dos próximos capítulos (da dissertação? rs).
Ju e eu fomos ontem ao Sebo Cultural e recebemos o livro numa “sacola poética”. É uma sacola normal, mas com poema onde devia haver só propaganda. Acabei percebendo só depois de um tempo. Estava escrito o seguinte:
FÚCSIA
Da paleta dos jambeiros
sai o fúcsia
que pinta e borda
as calçadas dos setembros
(Vitória Lima)
Gostei muitíssimo. Sempre achei lindas as flores dos pés de jambo e sempre disse que quero ter uma casa com jardim imenso e corredores de pés de jambo que deixem tapetes cor de rosa nos meus setembros.
(e crianças correndo nos corredores – mas isso é uma outra história...)
MUITO BOM!
Pena não ter conseguido copiar e colar aqui o gráfico de inteligência que ia de 0 (Bush) a 10 (Guimarães Rosa).
(...) o encontro em história não é jamais um diálogo, pois a condição primeira do diálogo é que o outro responda: a histórica é aquele setor da comunicação sem reciprocidade. Mas, atendida a condição dessa limitação, ela é uma espécie de amizade unilateral, à maneira desses amores que jamais são correspondidos. (p. 41)
RICOEUR, Paul. In: História e Verdade. Rio de Janeiro: Forense, 1968.
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faz tempo que quero colocar aqui vááárias citações de coisas que tenho lido no mestrado, mas sem internet em casa não dá... por outro lado, nesses dias no crato mal peguei nas leituras, a não ser hoje: retomei o paul ricoeurrrrrr [como diria a querida regina célia.. e a vânia!] e pretendo retomar o aróstegui. a citação já valeu. tô lendo também aquele especial da revista 'mente e cérebro' sobre ele e o gadamer.. ah, que vontade de ler 'tempo e narrativa!". a imagem do post é do caspar david friedrich, aquele que é citado no lindo 'paisagens da história', do gaddis...
{na voz de Astrud Gilberto}
If you're feeling sad and lonely
There's a service I can render
Tell the one who loves you only
I can be so warm and tender
Call me, don't be afraid, you can call me
Maybe it's late, but just call me
Tell me, and I'll be around ...
When it seems your friends desert you
There's somebody thinking of you
I'm the one who'll never hurt you
Maybe that's because I love you
Call me, don't be afraid, you can call me
Maybe it's late, but just call me
Tell me, and I'll be around ...
Now don't forget me
'Cause if you let me
I will always stay by you
You've got to trust me
That's how it must be
There's so much that I can do ...
If you call I'll be right with you
You and I should be together
Take this love I long to give you
I'll be at your side forever
Call me, don't be afraid, you can call me
Maybe it's late, but just call me
Tell me and I'll be around ...
I have crossed a thousand bridges
In my search for something real
There are great suspension brigdes
Made like spider webs of steel
There are tiny wooden trestles
And there are bridges made of stone
I have always been a stranger
And I've always been alone
There's a bridge to tomorrow
There's a bridge from the past
There's a bridge made of sorrow
That I pray will not last
There's a bridge made of colors
In the sky high above
And I think that there must be
Bridges made out of love
I can see her in the distance
On the river's other shore
And her hands reach out longing
As my own have done before
And I call across to tell him
Where I believe the bridge must lie
And I'll find it, yes I'll find it
If I search until I die
When the bridge is between us
We'll have nothing to say
We will run through the sun light
And I'll meet him halfway
There's a bridge made of colors
In the sky high above
And I'm certain that somewhere
There's a bridge made of love.
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